Partida de mim.
Eu preciso dos seus olhos e não sei onde estão. Agora.
Será que olham nos meus dentro de uma distante paisagem
Ou choram em outros olhos, vazios de suas vontades?
Perdi o rumo de nossas certezas, meu coração parece menino,
Criança solitária a buscar um colo, afagos, seus sorrisos.
Minha pele resseca sem os seus toques e minhas mãos envelhecem
A ternura de uma paixão perdida em amor,
Afinidades propiciam dores e não sei mais sorrir.
__ Ele trancou a porta. Louco, enlouquece.
Flores morrem, pálidas, entregues ao jarro,
E uma nova primavera causa medo, convida.
Cabelos sujos, uma xícara de café, olhos mal dormidos,
O tempo triste e essa canção, modo repeat.
Segundos sobre a mesa, sonho sua presença, ele.
Cena de final de filme, ele fala e meu peito espera
A palavra a nos abraçar. Só tenho a sua voz, macia – minha!
Meu corpo pede um seu beijo, minha boca entreaberta,
Minha carne viva, minha saliva quente...
Ele enfeita minha vida com a voz, minhas veias sentem, dentro.
Pulso brotação, ele encerra seu discurso:
__ Ama muito e não ama (me)!
Acordo. Morta.
Expulso sentimentos como quem encara a solidão,
Amiga de grade, companheira de cama.
Lavo os olhos... Molho a toalha... Deságuo.
__ Ele partiu.
Quais cores são possíveis enxergar quando morre a esperança?
Em sonhos ainda o vejo a acompanhar o meu funeral.
Já não existo; parti.