Dor de existência é morte coagulada
vivendo de escuros
o aço e o cimento
mesmo cinzas sentem dor
após dor
todos os prédios da cidade
se olham tristemente
e em suas vacâncias
um sono que nunca aconteceu
o sono que é dor
dor de existência: morte coagulada
paixão que se enerva e não cresce
e em toda tristeza chove
os pingos da chuva
numa despedida:
selva obscura
onde me escondestes?
quando a última gota caiu:
tenho existido mais que Sócrates
e no céu a noite formosa carregada
de trovões