FIO DE NAVALHA
A lâmina fria e maldosamente fere sutilmente,
O fio de navalha sangra a pele macia e a mente,
Afiada como raios que em tempestades riscam o céu,
O corpo sofre, a maldade se apossa, a dor se torna cruel.
São profundos cortes que expõe a fértil fragilidade,
A vida e o tempo remendam em trapos coloridos,
Esperanças tentam em vão estancar as agonias, que agonizam,
As cicatrizes espelham como tatuagens o que foi sangria.
A felicidade esvai-se, são danosas daninhas de alquimias,
São tormentas pontiagudas em alto mar, são feridas expostas,
A estrela guia, a tempestade a consumiu, ficou à deriva sem rumo,
O fio da navalha sugou a vida, sangrou em choro a alegria.
A escuridão semeia, idolatra o medo, atemoriza...
Outro dia renascerá curando todas as feridas e as iras,
O fio da navalha, será cega, nunca mais cortará,
A vida florescerá sadia, o amor vadio como encanto inundará.
20.05.2020.