Um poeta eu fui...
Um poeta eu fui
sem a indumentária do mundo.
Um orador sempre pronto a discursar!
Com a boca a urdir em silêncio profundo.
Como espumas sumindo apagadas do mar.
Mais também escrevi a beleza do mundo
Farnel de palavras no peito a pulsar.
Alimento das formas se faz num segundo
Fecundo momento do imaginar.
Estou nas palavras nos mares que inundam
Estou nos coqueiros da beira do mar.
No intenso perfume da flor do mufumbo
Que em seus tabuleiros perfumam o ar.
Eu fui um poeta de orvalho e sereno
Eu fui mui pequeno sem saber andar
Nas asas do vento voando e sofrendo
Eu fui aprendendo a tudo enxergar.
Hoje sou poesia fecunda abstrata
Sou rato e barata em todo lugar
Eu sou a cidade pequena e pacata
Que assim se retrata sem se encontrar
Alheio a tudo que morre pra sempre
Poesias germinam na posteridade!
E ouço o silêncio correndo a cidade
Na minha semente que vive a cantar