A PARCELA DO MICROONDAS

Não sou

Não vou

Não sei

Não aguento

Quis o sim

Mas só sobrou o não

Quanto não do meu sim que vazou do talvez

Conquanto há um meio termo

Ninguém me pediu, caçamba...

Ainda não deram o diagnóstico

Fico no aguardo então...

Mas que não demore muito

Pois o sol vai se pôr

E a roupa já secou

E o gosto já se perdeu

A fome veio

A sede também

O tesão idem

E foi...

Tudo foi

Num sopro, numa noitada, numa punheta

Quem viu ficou e quem sorriu abstraiu

Sobrou um resto

Uma parcela no microondas

Uma garantia no cartão

Duas cervejas quentes perto da melancia mofada

Ah, e aquele tesão esquecido...

Ficou quietinho, ficou diminuto

Broxou...

E nele tudo se assemelha

Por ordem, constância e exegese.

Caio Braga
Enviado por Caio Braga em 20/05/2020
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