ARVORE
Sou um pássaro preso ao visgo da mais bela árvore cujo o fruto sorvi.
Sem que pudesse conter minhas asas, voei contra os ventos, contra a razão
do pássaro que bica mais não pousa. As algemas que me prendem em teu
galho, para espanto meu, não merece processo na mais alta corte do amor,
nem espero eu desculpa tua pelo encanto natural de uma plena visão do gozo que me proporciona. Se o vento que me eleva ao pico do desejo, prega-me a peça do inesperado, tua folhas me acolhem como leito preparado em teu corpo. Pois contra o certeza que me coloca o fardo de uma liberdade sonhadora, recebo de ti a incerteza de um descanso ou a visão recriada de olhares que se cruzam, e ficará para sempre a imagem de uma árvore que canta no crepúsculo de uma nova existência.