Os retirantes
Quietude longa, quase sumindo
Ventos que agora produzem no capim um som triste!
Nada de vozes por aqui...
Silêncio vivo dos retratos resistem!
Fitam assim, os céus azuis sertanejos
Olhos vazios que curvam a imensidão.
O mato crescido sobre os passos.
Como viço verdejante sobre o chão.
Silêncio em minha visão
Pra dizer-te assim nesse momento
Que os retratos velhos, mal coloridos...
Alimentam os cupins do pensamento.
O nordeste dorme junto ao sofrimento
Em sonhos derradeiros, lavouras arruinadas.
Paisagens de outras eras, residindo um lamento
São paisagens vivas, mas também desoladas!
No abandono dos retirantes
Na saudade apertada.
Nos velhos engenhos de rapaduras,
cheios de amarguras e mágoas.
Em paredes escuras, desgastadas...
No abismo furtivo do tempo!
Na poeira da estrada, no silêncio,
que contempla tudo e se cala.
O Nordeste e a fitinha da promessa,
No retrato de São Francisco das Chagas!
No rosário encardido pelas preces,
de vozes roucas e também cansadas.
Num açude vazio sagrando mágoas...
No silêncio longo desse compasso.
No aboio de um vaqueiro
A se ouvir nos espaços.
Francisco Cavalcante