Mil mentiras que sou
Sei bem como acaba
Uma noite mal dormida
Mil chances de mudar
Essa vida fodida
Eu penso nela como uma ficção
Um romance que alguém deveria escrever
Eu não posso
Pois de tristeza meus dias vão ser
Não posso ter ela
E nessa, preencho lacunas do que deveria ser amor
Será que sou isso mesmo?
Ou me tornei apenas o que restou?
Sou tão vago
Meu olhar não colore mais nada
Meus passos não me levam a lugar algum
Rodopio só os delírios da madrugada
Sempre isso
Nada me entorpece
Porém tudo me mata
Sem nenhum arranhão, nada aparece
Será que deixei saudades ?
Ou alívio
Ou pior, nenhum nem outro
Nada que alimente minhas vaidades
Me ajoelho pra vomitar
Num fluxo de memórias
O suor frio me mostra vida
Entre derrotas e glórias?
Não sei dizer
Sou a sombra de uma vida que estraguei
Azedei o doce dos beijos
E as juras de amor amaldiçoei
Virei no colapso
Da porta trancada
Da escada
Do caminho que vai embora
Nada mais tenho
Só estas letras
Mil dizeres
Mil mentiras