POETA
Ah! - Sonha o poeta na soledade - sorri e chora!
Na lâmpada das sensações, matiz dourada a cor
De seus versos - a porta das percepções aflora!
Oh, doces sabores que transportam à experiência!
No crânio embalde as fragrâncias dos delírios...
Luz e sombras, manto da mente às efêmeras colinas
Poeta - N'amplidão do céu azul de teu pensamento:
Contornas escritos esquecidos na lousa das ruínas!
Poeta! Avante um brinde: às taças que reluzem além
Dos planos inconscientes vítreos, ao que processa
O ar celestial e a loucura que reluz ao infinito!
Poeta! Brindemos à constante vida e morte ao que,
Como a Lua que sangra eclipsada das dores sanadas
Em lágrimas do amargor numa madrugada: amanhece!
E do Sol enérgico se banha em invisível frescor
- Das cores da alvorada! -
Um brinde às nossas investidas, sucessos e fracassos!
De que adianta reviver se é sobreviver e necessidade?
Que importam deveras os sofrimentos e sorrisos falsos?
Onde se encontra a fartura, a calmaria, vitalidade?
Tudo que palpita do nosso peito é a voz da canção!
Poeta, então um brinde ao tom, ritmo, elegia, ode,
épica, lírica, palavra e primor! Ah!... Falas: tudo
São conceitos e imensidões; até mesmo o amor!...
E dizes: Verdejamos as montanhas da eternidade!
Juntos aos aromas e não fenecimento das flores
- De que adianta as mortalhas da saudade!? -
E o amor, desfeito em ilusões, que importa?
Que importa a dissolução de teus antigos amores
As passadas virtudes e velhos sentimentos...!?
O amor deveras se torna saudade e não cultivado
- Se desfaz em esquecimento! -
Ó, um brinde! Um brinde! Um brinde em coro faremos!
Um brinde enquanto esta vida ainda anima nosso corpo!
E à luz da consciência brindemos: à taça com álcool,
sem nada, intacta!... Ah! E antes que esta caia,
uma última vez: Brindemos! Brindemos! Brindemos!
Brindemos ao nosso espírito de poeta e às nossas
palavras que se perdem deveras voláteis ao vento!
Um brinde à saudade e até mesmo ao esquecimento!