Uma luz que se perde no meio do céu

desistido do mundo como água doce no mar

passos ligeiros indicam a sede

o medo de não saber viver

me aproxima das árvores

a sombra de um coqueiro chora

sem saber como

se há vida após a morte? eu pergunto

e a sombra, desolada:

todo o cheiro apagou

a cor foi zerada

sigo para o farol apagado

o maquinário fresco

e uma felicidade criando um ruído

se refaz a alma dolorida

o peito também a mão também

então uma onda bateu em um imenso recife

e as árvores curvaram-se

o azul queimava, límpido

e as fogueiras como que acesas

contamina-se

o cheiro aperta os narizes

me torno o cheiro

me torno a estrada e um naco de pão

sinto a partida de tudo

tudo carregado pelo vento

tudo arrancado

tudo tísico

Dan Oliveira
Enviado por Dan Oliveira em 14/05/2020
Código do texto: T6947579
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