Uma luz que se perde no meio do céu
desistido do mundo como água doce no mar
passos ligeiros indicam a sede
o medo de não saber viver
me aproxima das árvores
a sombra de um coqueiro chora
sem saber como
se há vida após a morte? eu pergunto
e a sombra, desolada:
todo o cheiro apagou
a cor foi zerada
sigo para o farol apagado
o maquinário fresco
e uma felicidade criando um ruído
se refaz a alma dolorida
o peito também a mão também
então uma onda bateu em um imenso recife
e as árvores curvaram-se
o azul queimava, límpido
e as fogueiras como que acesas
contamina-se
o cheiro aperta os narizes
me torno o cheiro
me torno a estrada e um naco de pão
sinto a partida de tudo
tudo carregado pelo vento
tudo arrancado
tudo tísico