QUANDO ELE TESTOU POSITIVO...
Ele também testou pelos olhos,
Porque para o que se enxerga não é preciso testar.
Mesmo assim...continuou testando.
Testou positivo em todas as urnas abstidas de boas intenções.
Caminhou testado...e depois,
Testou positivo para a dor esfomeada de todas as causas.
Testou positivo para o descaso que nunca soube explicar.
Testou positivo dentre a fumaça da toda poluição holística
Dentre os ratos emplumados e os mosquitos desvairados de toda a pavimentação carcomida.
Caminhou trôpego, testado pela vida.
Parecia missão:
Vida testada, parca, erodida.
Cansado...sempre a meia noite dos dias,
Deitou na calçada a só esperar por mais um teste de esforço.
São tantos a se testar...ainda.
Quando acordou
Já era tarde demais porque a vida não se presta a testes.
Mesmo assim, abriu os olhos e prosseguiu retestado
...Pela resignação costumeira: rota nunca meeira!
Continuou a testar positivo pela pesada poesia do dia a dia.
Testou tudo e de tudo e até acreditou.
Testou o telhado, o bolso, a geladeira sonhada, a porta, as janelas.
Testou a cama ali no chão de cimento testado, batido a pulso.
No final,
Testou a última tábua pregada que angariou na reciclagem residual dos tempos prometidos e descartados.
Testou positivo por todos os meios de mobilidade da vida que levam para lugar nenhum.
Já dispneico e sem perceber
Ainda testou suas pernas trêmulas,
No ônibus, no trem...no metro.
Nunca saberia...
Que testou e resfolegou para todas as promessas não cumpridas.
Um dia testou, pelo último teste de esforço,
Suas positividade e coragem.
Sem testar o coração acelerado nas subidas que lhes foram amputadas.
Testou positivamente até pelo ar que já testava vida morta.
Depois se foi...testado, retestado
Meramente atestado de causa desconhecida mais que constatada.
E nunca concebida.
Na mera cova desconhecida
Ele testou positivo
A todas as causas evidentes
Dentre todas as evidências malogradas.
Depois que ele testou positivo...
Morreu sem chance, sem ar, sem vida e sem epitáfio.