Sem mandamentos inacabados
atravessando o mesmo dia a respiração de lábios que pronunciam sinais, gestos. inexplicáveis gestos cruzando as veias, queimando o silencio. sábias chamas que escolhem sempre os gestos dissolvidos na mão, encobrindo o silencio sem destino que propunham nossa falta... os segundos em desatino, fumando ópio, sem culpa ou poesia, em troca de frio e tempestade. a dor vira às costas com o que anseia, consome o oxigênio do quarto, separa um suspiro sem canção alguma. e longe, o cigarro disfarça o que convém, no sentido exato de como fazem os pensamentos procurando o bando. enquanto o violino entrelaça a solidão, feito dor, sem palavra. que por mais que o coração negue a alma aos poucos sela o silencio de nossas mãos. no mesmo gesto pousado, zeloso, que só emerge quando a lembrança indaga (sem sequer se lamentar, sem nem perguntar se a dor inacabada doía): ‘onde é que você estava, quando eu estava tentando te esquecer?...’