Retornar
Passado o primeiro vento:
Algumas folhas caídas,
Outras folhas sem vida,
Folhas outras retornam a terra
Mas de repente um vento novo:
Deixou-me só com meus galhos
Retorcidos em meu eu machucado
Segui tentando ter flores
Deixe que outros venham ainda das cercanias
Para que riam de minha fronde tombada
Contudo aos risonhos garanto
Que não finda a minha jornada
Pois todos aos poucos estamos em queda
Todos nos quedamos além dos planos
A cada segundo sem ver, quedamos
Voltamos para ela, para a amada terra
No vazio do dia que se aparenta co’a dor
Eu vi parentes me sepultarem com toda a descrença
Como se também não retornassem a mesma terra
Perdi meus pés descalços, morri ainda criança
Renovarei minha juventude ao cair
Devolvendo-me ao berço onde nasci
Domino o saber do que há além da queda
Pois crescer já é preparar-se para ela
Imagina quantas folhas viram páginas
Quantas páginas viram versos
Quantos versos transformam os seres
Quantos deixam de nada ser
Sem nada ser me tornarei um novo verso
Enfim que o tombo não seja finalidade ou fim
Nem belo, nem perverso
Como saber sem jamais cair?
Embora essa balançada vida
Seja ao mesmo qualquer coisa de sofrida
Vi videiras crescendo nas minhas copas
Outras plantas cresceram a minha sombra
Sempre trabalhamos sol a sol
Para a noite repousar no orvalho
Agora serei o alimento vário
De quem me me foi tão necessário