Uma manhã
Uma manhã enquanto as folhas caiam
Vi o fio de minha vida esvaindo-se
Junto às folhas vermelhas que iam sumindo
Enquanto os ventos e brisas para ela sorriam
Uma manhã observando meus cabelos
que de branco iam me tingindo
sem pensar no hoje ou no amanhã
me percebi ali somente para vê-los
Uma manhã minha pele enrugada
me fez uma pergunta simples
uma pergunta sabida por mim
mas nunca antes questionada
Uma manhã me vi velho como o carvalho
não tão alto é claro, e muito menos sábio
mas somos iguais, velhos e enrugados
sábios do nosso modo sob o orvalho
Uma manhã estarei estático e vazio
um casulo aberto deixando voar no horizonte
uma vermelha mariposa que dança constante
não mais o escuro do casulo, adeus frio
Uma manhã essa mariposa batera em sua janela
só te caberá olhar para ela, e sorrir vazio
pensando no dia que te caberá voar junto dela
vendo a vida e o mundo do lado de lá da janela