Uma manhã

Uma manhã enquanto as folhas caiam

Vi o fio de minha vida esvaindo-se

Junto às folhas vermelhas que iam sumindo

Enquanto os ventos e brisas para ela sorriam

Uma manhã observando meus cabelos

que de branco iam me tingindo

sem pensar no hoje ou no amanhã

me percebi ali somente para vê-los

Uma manhã minha pele enrugada

me fez uma pergunta simples

uma pergunta sabida por mim

mas nunca antes questionada

Uma manhã me vi velho como o carvalho

não tão alto é claro, e muito menos sábio

mas somos iguais, velhos e enrugados

sábios do nosso modo sob o orvalho

Uma manhã estarei estático e vazio

um casulo aberto deixando voar no horizonte

uma vermelha mariposa que dança constante

não mais o escuro do casulo, adeus frio

Uma manhã essa mariposa batera em sua janela

só te caberá olhar para ela, e sorrir vazio

pensando no dia que te caberá voar junto dela

vendo a vida e o mundo do lado de lá da janela

Edmilson Mendes
Enviado por Edmilson Mendes em 13/05/2020
Código do texto: T6945987
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