Ao luar do sertão
A lua, essa dama peregrina,
que ostenta, no sertão, tanta beleza,
hoje veio sentar-se à minha mesa
por uma fenda aberta na cortina.
Enquanto a luz da vela ilumina
e o tempo queima as horas no pavio,
desde o meu coração (quintal baldio)
o sangue inunda os vasos da retina.
Lá fora, junto ao pranto da neblina,
a noite, qual insone bailarina,
ensaia uma sonata ao luar.
Cá dentro, eu me calo, embevecido,
e a lua, a sussurrar no meu ouvido,
instiga o coração pra namorar.