PELO BURACO DA AGULHA

O caminho é cada vez mais estreito.

Já meio suada,

Me aperto e tento passar sem esbarrar nas margens.

Dum lado a ignorância que grita, doutro a arrogância que fede.

Apresso os passos, na tentativa de sair incólume delas.

É como buscar por um milagre na existência.

No final do cansaço,

Enxergo a vaidade toda travestida de boa humildade só para me arrefecer.

Sorrio para não me (e lhes) enganar.

Parece ser um artifício dos tempos,

Esse disfarce que mata em meio à cena dum realismo pungente.

O odor ocre exala...e esfumaça o quadro sem moldura.

Tropeço em mim ,mas sigo em frente sem olhar aos lados.

Nunca desconexa da percepção de tela, foco a agulha e

Aprendo que a arrogância sempre passa fortalecida

...enquanto a ignorância lhe bate palmas.

Sempre sem saber.

Nunca soube,nunca saberá.

A altivez é patética e

Não saber a salva da vergonha de se ignorar.