A INVENÇÃO DA CERTEZA
De algumas coisas
Aceitamos seus silêncios
Uma palavra interrompida
Nas reticências do tempo
O sumiço incompreensível
De certos objetos
No interior da casa
Pequenos enigmas
Escondidos em enredos
Capitu traiu ou não?
E Hamlet era um louco?
Mas há mistérios mais agudos
Que abrem feridas ocultas
Há assombros que marcam
Gravitam em nosso ser
Invadem a existência
Para além do “ser ou não ser”
E para disfarçá-los
E sobrevivermos contentes
É que inventamos certezas.