Âmago

Numa expedição pelo teu âmago,

Vagarosamente, te percebo.

Tua natureza tão densa

Que vou desvendando aos poucos

Como uma floresta fechada

Onde ninguém pisara antes.

Teus rios caudalosos e turbulentos

Por onde naveguei e fui levado

Tuas secas, teus silêncios

Teus incêndios, tua terra arrasada.

Me perdi num mapa de cores profundas

Em tuas planícies, teus vales

Tuas semeaduras e colheitas

Tua calmaria de mar sereno.

Observo lentamente

Tua paisagem, teu mosaico

Absorvendo teu sol e tuas sombras

E nos teus lábios provei de um néctar

De fruta extraordinária e suculenta.

Francamente, em meu egoísmo,

Prefiro manter teus detalhes em segredo

Tamanho é o medo que te descubram

Como eu descobri, por acidente ou destino.

Na brisa que acaricia teus pelos morenos

Vi luzir um tesouro inestimável

Que palavras não alcançam em distâncias

Como um pássaro raro em altas montanhas.

E nas nuvens frias que pairam sobre teu semblante

Te contemplo e te desejo, distante.

pedro toscan
Enviado por pedro toscan em 09/05/2020
Reeditado em 09/05/2020
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