Âmago
Numa expedição pelo teu âmago,
Vagarosamente, te percebo.
Tua natureza tão densa
Que vou desvendando aos poucos
Como uma floresta fechada
Onde ninguém pisara antes.
Teus rios caudalosos e turbulentos
Por onde naveguei e fui levado
Tuas secas, teus silêncios
Teus incêndios, tua terra arrasada.
Me perdi num mapa de cores profundas
Em tuas planícies, teus vales
Tuas semeaduras e colheitas
Tua calmaria de mar sereno.
Observo lentamente
Tua paisagem, teu mosaico
Absorvendo teu sol e tuas sombras
E nos teus lábios provei de um néctar
De fruta extraordinária e suculenta.
Francamente, em meu egoísmo,
Prefiro manter teus detalhes em segredo
Tamanho é o medo que te descubram
Como eu descobri, por acidente ou destino.
Na brisa que acaricia teus pelos morenos
Vi luzir um tesouro inestimável
Que palavras não alcançam em distâncias
Como um pássaro raro em altas montanhas.
E nas nuvens frias que pairam sobre teu semblante
Te contemplo e te desejo, distante.