Ciranda de roda

Ouvi segredos sobre quela moça,

dançando com sua saia rodada

uma poesia no meio da praça

girando

girando

girando

sorrindo em sua ciranda...

derramando alegorias a cada piscar de olhos e poeira a se espalhar...

confetes e fetiches rodeando os olhos que a admiravam...

para aqui e apara lá...

cochichos aqui e ali....

a boca carnuda e rosada a chamar a atenção...

borboletas, me perdoem, mas ela faz voar inspiração...

tirou o moço de barba e chapéu de palha para dançar

e ele ficou todo dengoso

quando a moça se pôs a girar...

chegou o arrasta-pé

e a moça soltou suas mãos negras e lindas...

e sem olhar para trás,

puxou a menina de cachos rosados,

que admirava seu gingado há dias e risos...

e gira

e gira

e gira

menina doida, essa menina

vira criança sonhadora

quando na ciranda se solta,

roda, roda, roda aquela moça...

passarinhos que me mordam

e me perdoem logo em seguida,

se não resisto àquela moça...

deixando a cacheada rosa, chamou aquele moço,

tirado a emburrado, com a cara de entojo,

mas todo mundo sabia que era pura mascaria, no fim das contas

e da folia, era amor que ele tinha e sofria de desgosto...

mas, meu sinhô, minino doido... disse a menina a bailar...

não se apegue, nem se solte,

dance a ciranda e rode, que a menina gosta de um xote...

só dance

sem se amarrar

porque a doida por uma ciranda

gosta mesmo é de dançar.