ESTILOS DE POESIAS

[Para o meu primo e amigo Ivan Mendes Lima que

desde menino mora no meu coração, pra sempre]

Carrinho de rolimã

Desce a ladeira à toda, nem pensa no perigo que tem, coragem, nem sempre, ausência mesmo de bom senso. E guarda de transito? O amor na infância esconde todo o medo, o desejo da companhia dos amigos tira a timidez. Na solidão tudo é fantasmagórico.

Estradinha tranqüila –

Num carrinho de rolimã, o menino,

Em busca de aventura,

De felicidade, de vida.

Cada dia ele busca mais alegria, mais satisfação e paz para o seu coração. Está ali já é uma grande realização. Fazer parte do grupo é tudo na vida. Brinca para perder energia e se alimentar e se alimenta para brincar.

Vive a vida em sua essência –

Sorrir, cai, se machuca...

Mas só o corpo, isso passa.

O maior machucado é a rejeição. Essa sim dói e dói muito. Fere e mesmo depois de tempos, já sarado esse ferimento, ainda vem as lembranças... Com as cicatrizes. Matizes de choro e lágrimas.

Mas ele busca o esquecimento total –

No carrinho de rolimã.

Novamente desce a rua,

Respira o ar puro da paz,

E vive a vida em plenitude.

Poeta Camilo Martins

Aqui, hoje, 23.03.2012

10:33

[Estilo: Poesia em Haibun] A palavra Haibun vem do (Hai), de Haicai e (Bun), cujo significado é: composições, sentenças, escritas. O Haibun é elaborado a partir de um texto em prosa que precede a composição de um Haicai e em geral retrata uma experiência vivida pelo autor. Pode conter até 300 palavras e ser intercalado com um ou mais Haicais. A prosa assemelha-se a uma preparação ao tema a ser desenvolvido, porém é importante evitar que o texto seja explicativo. Outra observação: o Haicai não é um resumo da prosa. No Haibun é fundamental que haja uma conexão entre a prosa e o Haicai. A prosa também deve ser breve, sucinta e escrita de forma bem simples, no momento presente e sem adjetivação. Deve-se ainda evitar pronomes e o excesso de verbos. Ao compor um Haibun, o autor tem que se manter fora do texto, ser isento, mesmo quando pretende falar de si. Contudo, há autores que “transgridem” esta regra. O texto é leve e bem humorado. No Haibun usa-se título.

Eternidade

(1) Imaginando sempre a eternidade,

(2) Vejo uma grande luz que me alumia.

(3) Ela me conduz com passos firmes,

(4) E mostra para mim o rumo certo...

(5) Bem no alvorecer de um alegre dia.

(6) Não quero perder essa maravilha de luz,

(6) Nem um foco sequer da poderosa luz.

(1) Quero ir até o início da eternidade!

(5) Ver o primeiro raio de um novo dia.

(2) Braços e mãos que o segura e alumia.

(4) Ficarei bem emocionado, isso é certo.

(3) Não sei se o verei, meus pés tão firmes.

(3) Caminhando em estradas e chão firmes.

(6) Já imagino o brilho esplendido dessa luz.

(4) Me perco pensando, mas estou certo.

(1) Porque é mesmo um mistério a eternidade.

(2) Mas há uma luz interior que me alumia...

(5) Jamais vou deixar de sonhar com esse dia.

(5) À noite, as estrelas, mas o sol vem de dia,

(3) O brilho é intenso, seus raios são firmes.

(2) Quem pode apagar esse raio que alumia?

(6) Só Deus, o criador, faz na noite nascer luz!

(1) E quando sair deste mundo para a eternidade,

(4) Daí, felicidade, alegria e amor, tudo é certo,

(4) Quem garante? Jesus, o Deus, é certo!

(5) Quando Ele vier, não haverá noite, só dia.

(1) Para os crentes n’Ele, é o começo da eternidade.

(3) Pensamentos e ações devem estar bem firmes,

(6) Pois não haverá como fugir da fulgurante luz!

(2) De Sua boca sairá o raio que fulmina e alumia.

(2) Aos descrentes trevas, aos salvos, seu rosto alumia.

(4) Creia, está na santa bíblia, é tudo mais que certo.

(6) Tenha em sua mente que não existe outra luz.

(5) Não há outra oportunidade, hoje é o santo dia!

(3) Peça e Ele conduzirá seus passos bem firmes.

(1) Rumo a vitória final contra o mal, para a eternidade.

Só na eternidade (1) o próprio Deus alumia (2)

São promessas firmes (3) e não há nada mais certo (4)

Que se cumprirá um dia (5) e o próprio Jesus será a luz. (6)

Poeta Camilo Martins

Aqui, hoje, 22.03.2012

10:57

[Estilo: Poesia em Sextina] Criada no século doze, por Arnaut Daniel, a Sextina é uma composição poética provençal formada por seis sextilhas e no final, um terceto – que é a coda. A Sextina é um poema decassílabo e seu sistema de rimas é montado com as mesmas palavras em todas as sextilhas e também na coda que segue a ordem da primeira sextilha. Por ter suas rimas elaboradas com a repetição das mesmas palavras, no final de cada verso, a Sextina é uma das formas poéticas mais difíceis.

Na organização da primeira estrofe é feita a numeração dos versos – de 01 a 06. Na segunda estrofe, a numeração começa com o último número da estrofe anterior, ou seja, o 06 e assim, cada estrofe é iniciada com o último número da estrofe anterior. É importante observar que a sequência dos números de cada estrofe (se somada) dará sempre o mesmo número (21), tanto na soma horizontal quanto na soma vertical. A coda não entra nessa contagem.

A sequência das palavras (rimas) na Sextina é a seguinte:

Primeira estrofe ....... 1, ....2,.. 3,.. 4,.. 5,. 6 = 21

Segunda estrofe ...... 6,.... 1,.. 5,.. 2,.. 4,. 3 = 21

Terceira estrofe .......3,.... 6, ..4, ..1,.. 2,..5 = 21

Quarta estrofe .........5, ....3,.. 2,.. 6,.. 1,. 4 = 21

Quinta estrofe ........ 4,.... 5, ..1,.. 3, ..6,. 2 = 21

Sexta estrofe .......... 2, ...4,.. 6, ..5,... 3,. 1 = 21

................................=... = ...=.. .= ...= ...=

................................21, 21, 21, 21, 21, 21

Coda ...................... Verso um (1, 2); verso dois (3, 4)

e verso três (5, 6).

Flor

Flor linda em botão,

Floresce na manhã,

Flamejante ao sol,

Fremindo no arrebol.

Formando um talismã,

Florindo todo o chão.

Formosa, perfumada,

Fazia inveja ao dia!

Florescia radiante...

Fornecia a sua amada,

Faceta bela e irradia,

Focos como diamante!

Fama de uma estrela,

Fazendo se mui jeitosa,

Faz me pensar em te la,

Fiz pra você esta prosa!

Findo o dia, vem a noite,

Feliz assim vai dormir...

Falando ao vento, açoite,

Fico bem aqui, a sorrir!

Poeta Camilo Martins

Aqui, hoje, 21.03.2012

11:12 [Manhã]

[Estilo: Poesia em Tautograma] * Significado: (A mesma letra). * Título: Obrigatório. * Rima: Livre. * Métrica: Livre. * Momento: Passado, presente, futuro. * Tema: Livre. * Estrutura: Rima, métrica e ritmo são livres. * Característica: É um tipo de poesia em que todas as palavras começam com a mesma letra.

Aventura

A

Melhor

De todas

As aventuras

Pode está na alma,

De todo ser humano,

Pela manhã, à tarde e de noite,

Quer esteja na terra, céu ou mar,

É cultivar esse sentimento profundo:

Amar sempre, mesmo sem ser amado.

Poeta Camilo Martins

Aqui, hoje, 23.03.2012

10:46

[Estilo: Poesia Etheree] Criado na década de 1970, por Etheree Taylor Armstrong, de Arkansas USA, o Etheree é uma Décima, ou seja, um poema composto por dez versos. Esta forma deve ser estruturada com versos contendo de (uma) a (dez) sílabas poéticas, sucessivamente, do primeiro ao décimo verso – na ordem crescente. O mesmo deve ser feito na ordem decrescente, em que cada verso deve conter, de (dez) a (uma) sílaba poética, até o último verso. Sem métrica e sem rima, o Etheree pode ser montado com uma ou mais Estâncias (estrofes com o mesmo número de versos), visto que sempre terá o mesmo número de versos. Quando é monostrófico, o Etheree deve encerrar um assunto em seus dez versos. Já, quando ele se desdobra em várias Estâncias, o tema evolui como numa poesia normal.

Na ordem crescente, os versos são contados da seguinte maneira – em sílabas poéticas: monossilábico (uma); dissilábico (duas); trissilábico (três); tetrassilábico (quatro); pentassilábico (cinco); hexassilábico (seis); heptassilábico (sete); octossilábico (oito); eneassilábico (nove) e decassilábico (dez sílabas poéticas). No caso do Etheree, em ordem decrescente, basta inverter o número de versos durante a construção do poema.

Abandono

A bandono é, com certeza, do fim, o seu prenúnci o D

S a ã A

O n s A

L d u L

I o l M

D n i A

à a a F

O d i I

É o c N

O o n D

P s e A

O e t L

R r s Á

D e i G

O n x R

S s e I

O a a M

L i d A

D a a F

A a g E

V i a R

I d p I

D a a D

A ta na cabeça uma forca e na memória furdúncio A

Poeta Camilo Martins

Aqui, hoje, 24.03.2012

16:18 [Tarde]

[Estilo: Poesia em Palma ou Camilístico] * Palma ou Camilístico. * Origem: Brasil. Autor: Elaborado pelo poeta Camilo Martins de Agricolândia* Significado: Por ser inspirada na palma da mão com as suas linhas em “M” e a fusão de Camilo com o estilo teléstico e derivados. * Início: Ano 2012.

* Título: Obrigatório. * Rima: Construção com todas as rimas, sendo que a primeira sentença horizontal vai rimar com a última sentença horizontal, a primeira sentença vertical, de cima para baixo, com a primeira transversal, de cima para baixo e depois com a última vertical, de cima para baixo e a segunda transversal, de baixo para cima, vai rimar com a primeira vertical de baixo para cima. Não há necessidade da rima com a segunda sentença vertical, nem em cima e nem embaixo. * Métrica: Por se tratar de um estilo em que o autor se utiliza de recursos não usuais normalmente na composição poética, o autor fica livre da métrica. Momento: Passado, presente e futuro. * Tema: Livre. * Estrutura – Duas colunas verticais, esquerda e direita, escritas, geralmente, com letras maiúsculas e de cima para baixo. Duas colunas horizontais, uma no início da poesia [em cima] e a outra no final [embaixo] e duas colunas transversais, uma de cima para baixo e a outra de baixo para cima. Estrofes: A Palma ou Camilístico pode ser escrita em versos livres, a critério do autor e de sua imaginação, mas existem muitas formas que podem ser exercitadas. Também pode ser uma poesia monóstrofica. Características: As características principais da Palma ou Camilístico são o canto aos amores, as paixões, Deus, natureza e o uso de figuras de linguagem. Na Palma ou Camilístico, como em outros gêneros de poesia, também são obrigatórios ritmo e acentuação tônica. Mas a pontuação só se usa nas duas sentenças horizontais, a primeira de cima e a última de baixo.

Bebado

Cambaleante, terra, boneco.

A razão, bela tela, intenção.

Um calção, esfinge do deserto.

Equilibrista, pássaro flutuante.

No bolso, tatuagem de verônica.

Compra garrafa vazia, talhada.

Anti a guerra fria, verão, Piauí.

Circo sem artista e o dentista,

Canal de buraco negro, azul.

Robô que chora, ama e morre.

Futuro que jamais se verá!

E vai se no sonho da vida, vide.

Poeta Camilo Martins

Aqui, hoje, 22.03.2012

19:21

[Estilo: Poesia dadaísta] Dadá ou dadaísmo - Origem: Zurique, na Suiça (no Cabaret Voltaire). Criadores: Tristan Tzara, Hugo Ball, Marcel Jancso e Hans Arp. Significado: Nada. E ao mesmo tempo, vários significados em diversos idiomas. Foi escolhido aleatoriamente para evitar qualquer tipo de compreensão. É considerada a anti arte. Início: 1916 – século XX. Título: tem. Rima: Inadmissível. Métrica: Nenhuma. Momento: passado, presente, futuro e nenhum. Objetivo: Opor-se à Primeira Guerra Mundial, denunciar e expor a repulsa dos artistas colocando a arte como instrumento de combate à guerra. Estrutura: Com o objetivo de escandalizar, negava a lógica, a linguagem, a arte e a ciência. Ao usar e abusar da ironia e do deboche, procurou desmistificar a arte, por entender que esta não é coisa séria. E fez isso com a recusa dos valores burgueses, quando Marcel Duchamp descaracterizou obras como a Mona Lisa, pintando-a com bigode. Aboliu a memória, a arqueologia, os profetas, o futuro e denunciou a Europa e suas fraquezas. Em resumo: o Dadaísmo foi estruturado para escandalizar a burguesia e cumpriu seu papel com perfeição. Característica: Foi uma corrente artística – de vanguarda – forma de expressão marcante e extremamente radical. Iniciou-se nas artes plásticas e posteriormente agregou outras vertentes artísicas. Sua base é criar a partir do acaso. Opõe-se a todo e qualquer tipo de equilíbrio, além de combinar poessimismo irônico e radicalizar a ingenuidade por um ceticismo extremo. Busca o absurdo, a falta de lógica/sentido e o non sense como forma de denunciar, escandalizar e marcar o caráter anti racional do movimento, que se colocou contra a insanidade da primeira guerra mundial. Observe que o poema tomou palavras de forma desconexa – Non Sense – falou muito sem dizer quase nada.