SOMMELIER
pour moi, ce poète-gourmet
que da natureza, deus dioniso,
colhendo videiras no campos elísio
tu m'as courtisé: mon chardonnay
apresentas leves tons de acidez
aroma de flores: rosas brancas,
pêssego fresco em meio às ancas
& doçura no paladar e na tez;
de corpo leve — rosé,
/entre às papilas, palpável/
e no final de boca o sabor de
quero mais é longo e agradável
mas quisestes podar suas folhas,
pisoteou meu coração como uva;
não pude ser seu saca-rolhas
sequer sommelier de vossa vulva.
hoje só me sobra este tanino
que germinou vosso terroir,
essa expressão limão
e notas de vontade maracujá.
sois um vinho agre
que me deixais à mercê,
um pinot noir vinagre!
— bouchonné —
mas Antero há de vingar-me,
pois não há nenhum charme
em vosso fruto me negar
e por fim serás assim,
como gregos quebram taça,
pois esse amor em cacos ao chão
só mostra que essa paixão
é como uva-
passa.