Sobre Nuvens de Luto

Quando deixei de ser empírico

passei a viajar diariamente,

sobre o dorso de um cavalo

em forma de nuvens que

voam sem direção para o

interior desconhecido da

minha alma.

O poeta consegue ouvir

o diálogo da rosa com a

margarida, ambas criticam

os homens pragmáticos que

desprezam o poema e ignoram

o odor matutino das rosas que

é capaz de libertar os homens

do imediatismo tolo.

Um Bem-te-vi quebra a quietude

do Outono de maio vestido de luto,

um fantasma invisível ceifa vidas

sob o olhar mudo da Ciência soberana,

o poeta menino assiste o mundo

isolado na quarentena eterna que

entrará para a história. Um pardal

alheio ao noticiário letal pega uma

migalha de pão lançado ao chão e

voa em direção a mangueira solitária

da rua deserta. A pandemia será eterna?

Giovani Ribeiro Alves
Enviado por Giovani Ribeiro Alves em 05/05/2020
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