POEMA NOTURNO E DE AUSÊNCIA 1

Agora, sabendo que sempre me despedaço

recorro as águas que correm em suas veias.

O corte sobre sua carne tatuada nada mais é que

memórias caóticas do tempo de antes.

Caminho entre dois tempos:

cronológico psicológico

quero ouvir tua voz estridente

e me assegurar que não existe medo.

Afoga-me em teu oceano

inunda esse quarto

como chegasse de supetão

e me olhasse

e me dissesse

e me guiasse

e me jogasse em queda livre.

Não sou capaz de seguir sem a terra.

Não sou homem de água.

Mesmo dentro da placenta de minha mãe

sempre repudiei a falta de equilíbrio.

Fui parido num mundo que desconheço

e nada sei além da terra embaixo dos pés,

talvez, por isso necessite de suas águas.

Seu pulso cortado derramando cada gota do líquido

Transparente.

Inodoro.

Em minha garganta ressequida.

Me curo. Caminho. não tenho rumo.

Jailson Anderson
Enviado por Jailson Anderson em 04/05/2020
Reeditado em 04/05/2020
Código do texto: T6936749
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