POEMA NOTURNO E DE AUSÊNCIA 1
Agora, sabendo que sempre me despedaço
recorro as águas que correm em suas veias.
O corte sobre sua carne tatuada nada mais é que
memórias caóticas do tempo de antes.
Caminho entre dois tempos:
cronológico psicológico
quero ouvir tua voz estridente
e me assegurar que não existe medo.
Afoga-me em teu oceano
inunda esse quarto
como chegasse de supetão
e me olhasse
e me dissesse
e me guiasse
e me jogasse em queda livre.
Não sou capaz de seguir sem a terra.
Não sou homem de água.
Mesmo dentro da placenta de minha mãe
sempre repudiei a falta de equilíbrio.
Fui parido num mundo que desconheço
e nada sei além da terra embaixo dos pés,
talvez, por isso necessite de suas águas.
Seu pulso cortado derramando cada gota do líquido
Transparente.
Inodoro.
Em minha garganta ressequida.
Me curo. Caminho. não tenho rumo.