POEMAS FRANCESES DE PARIS

POEMAS FRANCESES DE PARIS

Raymundo Cortizo Perez

música:

https://www.youtube.com/watch?v=KsqAfD4BkwA

MINIPOEMA

Minha querida puta:

Tu és uma preciosidade,

a sociedade

é que é uma prostituta.

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CANÇÃO DA NAÇÃO

Minha terra

já não tem palmeiras,

mas tem palácios e ministérios,

o sabiá já não canta,

os urubus pousam lá.

Tem presidente, deputados,

senadores e outros doutores,

o sabiá já não canta,

os urubus pousam lá.

Minha terra

já não tem palmeiras,

e nem canta o sabiá,

não tem mais estrelas, nem flores,

não tem vida e nem amores.

Minha terra

já não tem mais palmeiras,

e nem canta o sabiá,

só ladrões

escolhidos pelo povo,

os urubus pousam lá.

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A VERDADE

Alvorecer de poesia

É poesia? É mas não é tanto

Vou continuar navegando

É poesia e eu me encanto

O sol é um novo canto.

A poesia vale a verdade

E será servida como refeição

E depois como sobremesa.

Não existirá o silêncio

E as palavras falarão

O homem será verdade

Verdade que vale a vida.

O homem será verdade

Verdade o seu coração

O amor é verdade

Verdade que liberta o homem

O homem será o sol e o dia

O dia confia no sol

E o sol confia no dia.

A verdade precede da verdade

Da verdade procede a verdade

A verdade é a vida

A vida vale a verdade.

Que a verdade nunca seja inventada

Ela é a própria vida

Se alguma coisa tem que ser acrescentada

Que seja apenas a liberdade

A liberdade voa nas asas da verdade.

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OS AMANTES ESPERAM

Os amantes não calam,

os amantes buscam,

os amantes são os que abandonam,

são os que calam, os que esquecem.

O coração diz que não encontram,

não encontram, buscam.

Os amantes andam como loucos,

porque estão sozinhos, sozinhos,

sozinhos entregando-se,

machucando-se a cada enquanto...

Chorando porque não salvam o amor.

Eles se preocupam com o amor,

os amantes vivem tentando,

não podem fazer mais, não sabem...

Sempre estão indo, sempre,

para alguma parte.

Esperam,

não esperam nada, mas esperam.

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A HISTÓRIA

Meu nome é Duda. Sou prostituta, porque me fiz, não sei.

É a história da minha vida, mas não é a história toda.

Meu nome é Duda, sou alcoólatra, porque me tornei, não sei.

É a história da minha, mas não é a história toda.

Meu nome é Duda, sou drogada, nada me pergunte, porque não sei.

É a história da minha vida, mas não é a história toda.

Meu nome é Duda, fui universitária, não me formei...

Queria me casar, não me casei;

tive cafetões, drogados, bêbados e traficantes...

Porque fui tudo isso, não me pergunte, não sei.

É a história da minha vida, mas não é a história toda.

Meu nome é Duda, fui linda, admirada,

me tornei prostituta, alcoólatra, drogada,

hoje já não sou, porque deixei de ser, não sei,

é a história da minha vida, mas não é a história toda.

Meu nome é Duda, sou mãe de Yasmin, o meu amor,

o meu único e verdadeiro amor,

e este amor é a história da minha vida e é a história toda.

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AS MINAS

Ela tinha quatorze anos.

Decidiu não completar

os quinze.

Jogou fora o sutiã, o batom,

o rímel, os esmaltes...

Foi brincar com os moleques

e jogar bola na rua...

Chamava as minas de tesão

e passava as mãos.

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VERMELHO BISCATE

Venha sem avisar,

chegue e fique quantos dias quiser,

todas as acomodações são suas...

Sinto falta dos seus beijos,

tenho desejos:

me acaricie entre as suas coxas,

me aconche em seus seios quentes,

mas só vá embora - e se quiser ir...

depois que eu dormir.

Deixe um beijo marcando o guardanapo

com o seu batom vermelho biscate,

deixe ele perfumado, com o seu cheiro.

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O TEMPO

Quantas vezes o homem precisará caminhar pelo mesmo caminho?

Ou quantos caminhos diferentes ele deverá procurar?

Quantos homens precisarão morrer

na guerra urbana até que o próprio venha morrer?

A resposta meu irmão está na boca do tempo.

Quantas vezes o homem precisará chorar para entender?

Quando é que o homem aprenderá a ouvir que gente demais morreu

e os outros de dor choram no silêncio inocente?

A resposta meu irmão está na boca do tempo, sim.

Até quando o homem fará discurso para enganar o homem?

Até quando o homem não vai permitir-se ser homem?

Até quando o homem vai fingir que nada está errado?

A resposta meu irmão está na boca do tempo, está sim.

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UM ANJO NO INFERNO

Houve um tempo em que ela era mais bonita

que a miss universo;

depois da grande injustiça feito com Patty:

Todos os criminosos de paletós e gravatas estão livres,

usando o congresso para cometer crimes e ver estrelas e o nascer do sol,

enquanto Patty, fica encarcerado em uma cela de 3 metros,

uma inocente pagando crime de branco, um anjo no inferno.

Esta é a história de Patty, linda negra da favela,

mas não termina aqui,

enquanto não limparem o seu nome e devolverem a ela, o respeito,

o tempo em que passou no cárcere.

Mas houve um tempo em que ela mais bonita que a miss universo.

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BABY

O realeza espatifado triste silêncio,

os sinos enferrujados mostram que tudo mudou,

os saxofones, flautas, violinos e pianos

soam com desdém da minha sorte.

- Mas, esse não é o meu caminho.

- É?

Eu não nasci para perder,

não nasci para te perder...

Te quero, Baby,

te quero muito.

Baby, eu te quero e espero porque te quero

e te quero, quero, quero...

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AS CONSEQUÊNCIAS

Não te enganes comigo,

posso amar-te muito,

desde o escuro

e o obscuro da minha razão;

mas se machucar o meu coração,

terá consequências:

ninguém te disse que os poetas

amam eternamente.

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CONVITE

Venha senhor presidente,

venham senhores deputados,

venham senhores senadores,

venham senhores ministros,

venham todos senhores da república:

Entrem em nossas cassas e dos nossos quintais

arranquem as nossas flores,

matem os nosso bichos,

desliguem a água, a luz e o gaz,

e por requinte, antes de matarem nossas vidas,

aniquilem os nossos sonhos,

mintam prometendo, enganem-nos e nos destruam,

que mortos vomitaremos em vossas excelências.

Venham senhores das sombras e do mal,

venham senhores lacaios do demônio,

e cantem e dancem, a sinfonia do inferno.

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A LEI

Na vida muitas coisas são metáforas,

como podem ser sofismas,

ou não ser nada disso.

O pobre morre e o rico também.

O pobre, o nobre,

o empregado e o patrão,

o doutor e o sem estudo:

Todos são iguais perante a lei,

a lei é que não é igual para todos.

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O DIA DEPOIS DA NOITE

Quantas mulheres um homem precisa amar,

até encontrar a que ele ama?

Até que percebam que ele está bêbado de paixão?

Sim, quantos poemas precisa escrever

para voar sobre a trincheira dos segredos do coração

e do silêncio da alma?

Sim, o vento vai ouvir? o Tempo dirá?

Sim, ela, acaso aparecerá na cama de amantes?

Sim, ela saberá que o homem chora por amor?

Que nada voltará a ser o que era depois do adeus?

Sim, meu amigo, meu irmão, meu companheiro,

a resposta, é sim...

O vento alado soprando sonhos alçados o levará ao oceano do amor,

e ela, ela chegará assim, como chega o dia, depois da noite.

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BILHETE

Querido poeta:

Adorei o poema. Só um detalhe:

meus olhos são castanhos claros,

e tu falas de uns olhos negros cintilantes.

Quem é ela?

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CAMONIANO

Por mares nunca de antes não negados,

sonhos navegados, naufragados,

ainda além, sigo em mar revolto,

agora, digo, vou-me embora,

apenas com o meu destino na mochila da saudade.

Adeus, adeus verdes mares, adeus...

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NOTÍCIA DE JORNAL

Mariane, era manicure à domicilio,

era graciosa, pernas torneadas,

belos seios, um corpão...

Não perdia uma balada na comunidade.

Era cobiçada pelas roupas sempre exageradas.

(sabia do perigo, mas fingia que ele não existia)

um dia...

- bebeu muito,

- dançou demais,

- fumou, cheirou,

- deu demais.

Dois dias depois acharam o seu corpo boiando

na curva de um rio.

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É MAIS E VAI ALÉM

A sociedade politicamente correta,

acadêmica, letrada, doutorada,

bem informada,

aquela que se diz ética e de família,

é a que chama o negro de preto,

e conhecem o preto de alma branca;

também é a mesma que não sabe

que a identidade de gênero

é muito mais e vai muito além de pau e buceta.

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UM PAÍS DOENTE

Doente, sim, um país doente,

doente, triste albatroz, albatroz ferido.

Este é um país doente,

um país, sim, lendário no futebol,

carnaval e de beleza natural.

Um país doente.

A rotina do Planalto é a humilhação ao povo,

o povo que faz filas na porta do nada.

A política é uma estridência ideológica

feita pelos idiotas e imbecis

que chamam um ao outro de excelência...

Um país doente.

Sim, um pais doente, onde o único decente é o sol.

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BRASÍLIA

Tu não és uma canção do Caetano,

sim, és uma casa que não é um lar,

sim, és uma esposa cansada de fingir.

Brasília, tu não és um poema do Chico Buarque.

Sim, tens uma asa corta e a outra caída,

sim, és um coração deserto,

um corpo sem pulmão.

As tuas saídas são os teus becos, becos sem saídas,

saídas de becos...

Sim, és um corpo luxurioso nu, dólar, prostituição,

escola e sindicato de todos os crimes.

Brasília, tu não és um romance de Machado de Assis.

Sim, não podes comemorar um primeiro de maio.

Onde está a garota que fugiu para não voltar?

Sim, tens um amanhecer constante com lindos raios fúlgidos.

Sim, há um zíper quebrado.

Sim, há bares pegando fogo no cachimbo.

És tu, Brasília, um pouco de Gomorra e outro de Sodoma,

mas hás de chegar ao alto e além.

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O QUE EU FAZIA EM PARIS?

Vivia pensando em escrever poemas para ti e não conseguia.

Te via em pensamentos. Me masturbava.

Bebia e me divertia com as putas no Moulin Rouge,

onde as putas são decadentes (embora lindas),

e boêmios igualmente decadentes (embora elegantes).

Entendi que a saudade não mata, mas não deixa viver.

Que o poeta e o poema são moedas do mesmo verso.

Que o poeta morre de uma dor que espera,

mas a tal dor, é a espera. A dor não chega.

Aprendi que Paris é uma rose rouge pop.

Enviei muitos cartões postais plenos de felicidade...

Jamais me esquecerei de Paris,

era lá que eu abraçava a sua ausência

e grudava em sua lembranças,

lá sofri por ti, sem poemas e nem nada.

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A MULHER

A mulher que fumava tragava o meu olhar,

depois bebia e bebendo bebia o meu beijo,

depois com fome comia o meu desejo.

Ela atroz me devorava algoz me devolvia.

Quando ia embora (me deixava dormindo)

deixava um bilhete escrito: "amanhã eu volto".

Voltava como quem chega de um bar,

sem dizer nada tragava o meu olhar,

ali, a vida recomeçava sempre,

ela me caçava e eu caçador.

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A LIRA, A IRA

Cantem poetas, o Poder da República,

o submundo que submete a Nação ao jugo duro.

O Monstro pinte, o Rei presidente,

ou o Presidente Rei, caindo na confusão do Rei do Inferno.

Eu canto a Democracia, a Soberania,

a fé na Pátria em versos firmes,

cuja poesia, o céu inspira,

pode estancar o Poder caído, pobre, podre, odre, ocre,

roto e sujo, canalha, calhorda, covarde.

No carnaval da mentira, és o samba-enredo,

a fantasia, a escola de samba, o mestre sala

e a porta bandeira e a bateria...

Eu, no entanto, canto, a lira, a ira, a despedida.

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A SEDUÇÃO

A tara,

a aranha,

os dedos quentes,

lingerie, luvas, meias de seda,

abajur rouge,

os dentes, as unhas,

o fetiche, a fantasia,

a sedução, o jogo,

o tesão,

o prazer...

A dama doma o desejo.

Dona, senhora...

(C´est le secret d´une muit rouge).

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EM JOÃO PESSOA

Lá no puteiro em João Pessoa,

a lua passeia de mãos dadas com a dona do bordel,

ela foram colher estrelas, buscar mel,

voltear o céu na saia da praia.

O mar piscou para elas, as ondas também.

Elas riram atiçadas,

mas não deram a mínima.

O que elas querem e o que sonham e desejam

é o ator galã da novela,

e enquanto isso...

elas se entregam aos beijos e lambidas lésbicas,

trépidas e trêmulas, gozam.

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A MUSA

Era uma Musa sem poeta,

apaixonou-se por um amor impossível.

Tão impossível como querer

acariciar uma estrela com as mãos,

e mesmo não podendo,

continua acariciando com os olhar.

Assim, ela amava aquele amor impossível,

que sem poder tocá-lo,

amava-o com os seus olhos.

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O BEIJO

Estes versos que te mando,

em teus olhos os inspirei.

Os teus lábios que beijei,

vi poemas voando.

Já não lembras mais, sei...

Nossos olhares grudados, amando,

o desejo nos despiu,

no envolveram, o mar e o cio.

E como uma delação do meu desejo,

este poema é um beijo

que agora te envio.

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AS FILHAS DO PAI

Tereza, foi para o convento porque tinha medo dos contratempos da vida,

não praticava o mal, mas não fazia o bem.

Maria, trocou o seu grande amor por um diamante e um amante,

ficou varrida.

Taís, preferiu ser feliz em Paris, comeu o que o diabo quis.

Sandra, tinha todo os tipos de manias, vivia fazendo terapia e morreu assim.

Ritah, viajou que viajou, mas nada a encantou, não encontrou nada e continuou

a viagem até desaparecer sem deixar pistas.

Já a Márcia, a Márcia - quem diria, a Márcia? A Márcia, era esquisita

e bipolar, meio mestiça de louca com vadia, se tornou a princesa da vida,

vivia feliz e muito feliz e sem precisar de ninguém, com os seus dois meninos

e uma menina, e o marido a quem dedicava grande amor,

e por ele era amada - recebia daquele homem rude e de mãos maltratadas,

os mais doces carinhos, e ouvia juras de amor.

E, assim, em rápidas pinceladas, aqui está o retrato fiel dessas irmãs: todas lindas,

estudadas, porém, tão distintas entre si, tão diferentes - umas cheias de "eus"

e outros "eus", uma simples, tão simples que alcançou a felicidade,

quanto as outras, também colheram da semente que plantaram.

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O TEU NOME É MULHER

O teu nome é mulher, e o que te faz mulher, é o sonho que tens.

O sonho de ser um poema, a lua enebriada de amor,

o arco-íris da felicidade em sua multiplicidade de tons e cores;

uma bailarina sob holofotes,

uma valsa ou um tango levitando ao bailar, levantando a platéia, o delírio.

O que te faz mulher, é o sonho que tens - o sonho da liberdade,

da vaidade, o sonho de ser feliz...

Por um só momento se Monaliza, Maria Bonita, Cleópatra, Dalila.

Na ausência ser notada, ser paixão e ser saudade;

no aniversário ser lembrada, ganhar flores, chocolates, anel de brilhantes,

mesmo quando não pode ir - não ser esquecida, ser convidada.

Ser um fada, uma Musa cantada em verso e prosa;

ser referencial, ungida de beleza nos sonhos de princesa;

o sonho de ser realeza, ser chamada de tesão, ser admirada,

desejada, cobiçada, inclusive pelo luar; também ser respeitada.

Ter de uma só vez a noite e o luar, o outono e a madrugada,

todas as flores da madrugada.

Ser felina, o sonho de ser menina, feminina e frágil, ou leoa - lutadora

invencível - o sonho de ser Rute, de ser Raquel, Ester, ou Sarah, por que não?

Por que não ser uma Odalisca bailando no deserto da alma,

levitando numa dança do ventre, flutuando, adejando pelo infinito da imaginação?

Numa dança romena, numa dança cigana?

Ser desejada como amante, ser cobiçada...

Ser o paraíso, ser Eva e ser o pecado...

Ah... ter um encanto a mais - também ser Sereia, soltar o canto - encantar,

atrair, enfeitiçar...

Por um instante - o sonho da sensualidade, ser uma gueixa meio travessa. avessa,

caminhando vagarosamente pelos cais - boca vermelha, cigarro entre os dedos,

um olhar, uma piscada...

Quem sabe, o sonho em ser retratada por um pintor famoso

e ver a sua beleza ser admirada pelas galerias e salões do mundo?

O teu nome é mulher, e o que te faz mulher, é o sonho que tens...

Ser lembrança e ser saudade, ser paixão e ser apaixonada, cúmplice...

amar e ser amada, ser namorada, esposa e mãe.

Mas, talvez, precise ainda mais... Talvez, precise, além de tudo - o sonho de ser amanda.

Ser e ter o verdadeiro amor de um único homem,

porque o teu nome é mulher, e o que te faz mulher, é o sonho que tens..

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Raymundo Cortizo Perez
Enviado por Raymundo Cortizo Perez em 02/05/2020
Reeditado em 02/05/2020
Código do texto: T6935310
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