Memorias recontadas
No dia em que cheguei a esse mundo
A lua minguava no céu, mas o sol
Ainda estava la. Estava?
Mas a lua me saudou, "vai filho"!
E eu fui, como uma criança obediente.
Minhas forças não eram boas
Meus pulmões não aceitavam o ar
"que ar estranho mãe" indagava à lua
"é o ar que tens aprenda a respirar"
E mesmo quase morrendo ela deu-me
Força.
As pernas não se acostumavam ao mundo
Me cansava correr, pular e brincar
"que eu tenho mãe" para a lua eu perguntava
Ela so respondia "é o mundo que tens, aprenda".
Explore.
E eu fui, filho obediente sabe obedecer
Aprendi sobre tudo o que pude
Mas algo faltava, e a ela eu perguntava
"que me falta mãe"? E ela sussurrava
"vai e descobre".
Eu fui, pesquisei, conversei
Falei com pessoas e elas me diziam
"te falta uma religião" ou "te falta deus"
Eu busquei a religião mas o vazio continuou
Busquei deus e comigo ele nao falou
Olhei entre os caminhos uma religião diferente.
Onde a mãe cuida da gente
Do jeito que de mim ela cuidou
E la busquei ela.
Entre os tomos renascentistas
Entre os empoeirados livros de ocultismo
Entre os sábios da floresta, e as ninfas
Procurei-a em todo o canto.
Nas flores e arvores, praias e montanhas.
Cansado parei e olhei pra trás
Rebusquei com os olhos o meu caminho
E lembrei que com ela eu falava
Que mesmo por onde quer que eu buscava
Ela estava dentro de mim.