Olheiro

As asas dos anjos

Do futuro

Embora passe os anos

Nebulosos e obtusos

Queria poder estar

Fora do tempo

E recolher-me para deitar

Ver o universo isento

Mas daqui na minha

Na minha íntegra finitude

Só existe uma reta, uma linha

Vi as penas voando, lá se foi a juventude

Agora tenho que lidar

Com medos sem rosto

Quando a primeira findar

Nascerá um inverno de desgosto

Embora eu lute a vida é assim

De veredas em recantos

Escuros e um destino sem fim

De lindas borboletas e também

Desencantos

Hei de ser por mim mesmo

Chama que arde, um fogo

Lentamente esse esmo

Em assombro se vai como sopro

Quando eu luto pelas recurvas

Do meu ser inferior e malogro

Me vejo em partes miúdas

Para tentar achar qual estava

Ali dentro de mim

Para que o olheiro as sentisse

E me refizesse do início ao fim

Junior Cruz
Enviado por Junior Cruz em 29/04/2020
Código do texto: T6932448
Classificação de conteúdo: seguro