SONHO TEMPERADO.
SONHO TEMPERADO
BETO MACHADO
Teu colo até me parecia febril.
Mas levantaste o magro corpo
Do meu outro eu: o senil.
Que tremia e tremulava
Ante ao tinir dos graves gritos
Do teu louco desespero.
E o maquinista do trem,
Carregador dos esquifes,
Lança os olhos, com desdém,
Nos mortos bons, nos patifes.
Trabalho feito com fé
E também com muito esmero.
Que bom que os galos roucos,
Meus leais despertadores,
Interromperam meu sonho,
Com porte de pesadelo,
Pra que eu secasse o suor
Do corpo, já no tempero.