SONHO TEMPERADO.

SONHO TEMPERADO

BETO MACHADO

Teu colo até me parecia febril.

Mas levantaste o magro corpo

Do meu outro eu: o senil.

Que tremia e tremulava

Ante ao tinir dos graves gritos

Do teu louco desespero.

E o maquinista do trem,

Carregador dos esquifes,

Lança os olhos, com desdém,

Nos mortos bons, nos patifes.

Trabalho feito com fé

E também com muito esmero.

Que bom que os galos roucos,

Meus leais despertadores,

Interromperam meu sonho,

Com porte de pesadelo,

Pra que eu secasse o suor

Do corpo, já no tempero.

Roberto Candido Machado
Enviado por Roberto Candido Machado em 28/04/2020
Código do texto: T6931130
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