QUANDO O POETA CHORA

por Regilene Rodrigues Neves

A poesia se esvai do poeta

Em alma triste...

A utopia dos sentimentos

Perdeu-se na quimera

Da existência dos sonhos...

A vida transeunte

Vítima da solidão

Percorre o íntimo

Um arquivo morto de esperança

Recolhido em cinzas de fracassos.

Não é um lamento

Nem uma vítima melancólica

Mas o fato exposto em realidade

De tantos desencontros

Dizem que o tempo

Serve a quem espera

Espera de que os anos passem

Envelheça em certeza de que nada mereça...

Nem mesmo a poesia do amor

Quer sonhar nas sombras do destino...

Perdoem esse verso patético

Sem alma

É apenas lágrima poética.

Quando tudo vira deserto

As areias do tempo

Atravessam um microscópio interior...

Escorrem nos vãos dos dedos

Ressequidos de espera vã

A estrela da sorte perdeu-se do meu céu

Inimigos interiores me aprisionam

Sinto-me mórbida

Prisioneira desta covardia

Que em nada me alivia,

Mas me leva por caminhos céticos

De um verso

Meu inverso confesso

De mendigo sem esperança...

Deixe-me chorar

Talvez o amanhã ressuscite este pesadelo

Desfaça essa amargura

E a poesia devolva a emoção da alma do poeta

Que tanto sonho sonhou que chorou...

Dizem que os poetas são vítimas do seu próprio interior

Por vezes ele me joga

Num precipício de medos, inseguranças...

Sei que lá na morte já me reencontrei

Emergir dos meus fracassos pra lutar

Sei caçador de mim

Mas hoje esse é o legado de um poeta

Inspirado na viagem de sua alma em dor!

Em 11 de julho de 2005