DOCE SALINA.
Avança a noite silenciosamente,
Adensa a penumbra rapidamente.
Sinuetas se uniformizam vagamente,
Um aroma denuncia-te presente.
Traz contigo a claridade lunar,
Saímos a caminhar.
Assim começamos namorar,
Cobertos pelo manto estrelar.
Buscávamos algum lugar,
Numa pedra pudemos sentar.
A menos áspera e mais linear,
Sob o candelabro lunar.
Pisando aquele tapete arenoso,
Molhado pelo mar impetuoso.
De ondas que dobram sobre um dorso,
Formando um cobertor espumoso.
Íamos e vinhamos,
Com as ondas, assim nós.
As ondas vinham e iam,
Dançavam as ondas e nós.
A orquestra uniformemente,
Sem regente presente.
Sem um único instrumento,
Sentíamos e ouvíamos no vento.
Seus olhos se iluminaram,
Seus lábios palpitavam.
Ao falar aos que a rodeiam,
Das ondas que a nós molharam.
DOMINGOS INÁCIO.