P R E C I O S I D A D E S (209)

INDECIFRÁVEL MAR

Indecifrável mar, que em minhas veias

circulas, como em tua própria casa.

Temos nossas vazantes, nossas cheias

pois minha alma também se aflige e vaza.

Deixa-me ouvir o canto das sereias

que carrega os marujos da água rasa.

Presos no abismo, por traiçoeiras teias,

eles morrem do amor que queima em brasa.

Divindades, Netuno . . . Quanta vida,

sujeita a dimensão desconhecida,

nos teus domínios abissais se esconde.

Num ponto somos, mar, bem parecidos:

ambos temos tesouros escondidos,

tão guardados que não sabemos onde.