Enovelando
Ao olhar o tempo filtrado através da cortina,
Vejo apenas uma nesga de luz,só um pedaço
Azul e cinza enquanto chove.
Nele, vejo refletido seu rosto como se o céu
Fosse não outro espaço,mas um simples
Espelho de tudo quanto perdemos.
Assim, desfaço minha mortalha puxando
O fio um a um, desmanchando antigas dores,
E guardando essa linha interminável de
Um novelo imenso e valioso do meu,
Eterno passado...
Como as estações que cumpri seus milagres,
Brotarei em primavera reconciliando com
Com a vida que tanto aplacou minhas,
Idas e vindas.
Sei que nunca voltará, fechou os olhos
E o anjo da morte desceu e o levou.
Às vezes, penso que jamais vou morrer ...
Esse, é meu castigo.
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