SORRISO ESTRANHO
Estava novamente naquela espelunca.
Quando percebeu estava lá, buscando
algo que nunca encontrara e já sem
saber se realmente desejava encontrar.
Não sabia quanto tempo estava largado ali.
Talvez nunca tivesse saído daquela mesa ensebada.
O copo também estava sujo, mesmo assim
serviu mais um trago de algum destilado barato.
A prateleira com as bebidas enfileiradas parecia uma enorme
boca sorrindo com dentes coloridos e encavalados.
Acendeu mais um cigarro e ao tragar sentiu a
fumaça queimar no esôfago e estourar uma ânsia imediata.
Tossiu e sangrou. Estava partindo.
O olhar embaralhado ainda pôde notar a boca gigante
com dentes de vidro aproximar-se para mastigar seu crânio.