Produto enlatado
Produto enlatado
Tempos fragilizados que jorram indefinições,
Já não consigo me definir como forte a mercê da sorte,
Lá fora o convívio me fazia viver, aqui dentro é apenas um sobreviver.
Da janela, da porta, da varanda, do quintal e do alpendre, eis que se prende.
Reinvento moda a toda hora, varrendo a casa, tirando a poeira, inventando um prato fazendo disso tudo um aparato, a cerveja gelada para distrair a mente agoniada, lavando as mãos até escamar a epiderme só pra ver a vida que segue.
Um filme, uma serie, o girar da vitrola com a musica preferida, o que vem na cabeça é proteger aquela pessoa querida.
Nunca pensaria que podia ser um enclausurado, um produto enlatado
Cantar sozinho como um pássaro engaiolado.
Sinto falta das vozes, dos dizeres e dos antigos prazeres, de mim mesmo que voltava de madrugada depois da algazarra.
Um dia alguém falou “Cresça e apareça” jamais imaginei ficar desaparecido por tanto tempo, e quando no meio de um grupo de pessoas te clamavam mascarado eis que se ofendia, sem saber que isso seria normal um dia.
Eita existência você se tornou tensa, nem tive tempo de imaginar que isso tudo um dia ia parar, até quem não refletia já pensa.
Como dizia meu caro Celso Blues Boys “Os tempos difíceis irão acabar
Eu pego a guitarra e começo a tocar”.