Regressivo

Os grãos de areia ainda caem

Os vejo se esvaindo sobre a fresta

De cheio a vazio

Em questão de tempo

Mas o que é o tempo afinal?

Seria uma ilusão aos olhos?

Ou uma certeza para tudo?

Só sei que escorre

De um lado para o outro

Que se vai aos poucos

Grão por grão

Até tudo se acabar

E a contagem recomeçar

Do zero outra vez

Um gira-gira infinito

Onde se brinca com a realidade

Com a ilusão de se mudar o resultado

O silencio...

O silencio ensurdecedor da areia

Grita aos meus ouvidos

Quase enlouquecedor

E me tirando assim o juízo

E num impulso

Tudo vai ao chão

Estilhaços espalhados para todo lado

Retrato da insensatez

Misturado com a areia muda

Pedaços que não se juntaram outra vez

Ou mesmo farão parte de si mesmos

O tempo acabou ali

A areia parou de correr

Parou de gritar suas ordens

E agora o que farei?

Sem gira-gira do tempo

Responda-me areia?

O que farei?

Bruxinha Faceira
Enviado por Bruxinha Faceira em 23/04/2020
Reeditado em 23/04/2020
Código do texto: T6926646
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