Regressivo
Os grãos de areia ainda caem
Os vejo se esvaindo sobre a fresta
De cheio a vazio
Em questão de tempo
Mas o que é o tempo afinal?
Seria uma ilusão aos olhos?
Ou uma certeza para tudo?
Só sei que escorre
De um lado para o outro
Que se vai aos poucos
Grão por grão
Até tudo se acabar
E a contagem recomeçar
Do zero outra vez
Um gira-gira infinito
Onde se brinca com a realidade
Com a ilusão de se mudar o resultado
O silencio...
O silencio ensurdecedor da areia
Grita aos meus ouvidos
Quase enlouquecedor
E me tirando assim o juízo
E num impulso
Tudo vai ao chão
Estilhaços espalhados para todo lado
Retrato da insensatez
Misturado com a areia muda
Pedaços que não se juntaram outra vez
Ou mesmo farão parte de si mesmos
O tempo acabou ali
A areia parou de correr
Parou de gritar suas ordens
E agora o que farei?
Sem gira-gira do tempo
Responda-me areia?
O que farei?