A arte de varrer o chão
Começo por um cômodo
Conduzo até o limiar
Troco de pincel
Encaro este retrato
Seu delírio
E a maioria não vê
Afasto uma cadeira
Pratico um exercício
Com mãos abstratas
Torno limpo este chão
O mundo sob os pés
Imparcial e opaco
Arrasto um fogão
Uma geladeira
Uma cama, um sofá
Velhas lembranças
Espelhadas no piso
Moças esquecidas
Paisagens na cabeça
Reflexos de prédios limpos
Apartamentos sujos
Carros angustiados
Luas pisadas
Gosto de terra
Raro é sonhar
Limpo ou sujo
De coração puro
Varri as moças
Nem notei
A melancolia, nem vi
Meu amor esteve aqui
Extremado
Varrido e lavado