Sempre os bêbados
Os braços da madrugada aquecem os bêbados
Que se abraçam a ela
Como filhotes à mãe
Os holofotes nos extremos de seus corpos
São tristes e silenciosos
Porém seus olhares iluminam o tapete de pedras
Por onde se arrastam outros corpos
Entorpecidos, apedrejados, silenciosos
Os jardins são templos
Cujos bancos mais parecem leitos imperiais
Os cães se transformam em guias
Os bares abertos em oásis
Simples mulheres em princesas
O mundo em momentos inconsequentes
A madrugada, para com os bêbados
É mais plácida e menos contundente
Também como eles é evitada, rebelde, solitária
E por isso devem se dar bem
A noite é um gigante em seu estado de melancolia
Ajoelhado aos pés da lua
Assim como os bêbados se ajoelham
E cantam canções para suas amadas