Sempre os bêbados

Os braços da madrugada aquecem os bêbados

Que se abraçam a ela

Como filhotes à mãe

Os holofotes nos extremos de seus corpos

São tristes e silenciosos

Porém seus olhares iluminam o tapete de pedras

Por onde se arrastam outros corpos

Entorpecidos, apedrejados, silenciosos

Os jardins são templos

Cujos bancos mais parecem leitos imperiais

Os cães se transformam em guias

Os bares abertos em oásis

Simples mulheres em princesas

O mundo em momentos inconsequentes

A madrugada, para com os bêbados

É mais plácida e menos contundente

Também como eles é evitada, rebelde, solitária

E por isso devem se dar bem

A noite é um gigante em seu estado de melancolia

Ajoelhado aos pés da lua

Assim como os bêbados se ajoelham

E cantam canções para suas amadas

Daribe Simbar
Enviado por Daribe Simbar em 23/04/2020
Reeditado em 17/12/2020
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