ANTIPOÉTICA

estou farto do lirismo halterofilista

exibido, marombado

músculo que não é poesia

tô cansado do lirismo reflexivo

pálida imagem de um clímax

retecendo o tempo todo

o inverso do avesso do arremedo de verso

o que não precisa ser feito

não quero esse dialeto desengonçado

abomino esse lirismo comercial de pasta de dente

que rima sangue com vinho tinto

e amem com amém

verso, pra mim, só se embriagar a

alma

mover as placas tectônicas da derme

derreter todas as certezas

e tatuar sobre cicatrizes não saradas

verso, pra mim, só se embriagar a

alma

mover as placas tectônicas da derme

derreter todas as certezas

e tatuar sobre cicatrizes não saradas