O poeta e a pandemia.
Rio, 21,04.2020.
O poeta e a pandemia.
E era verdade, em todas as cidades,
Para além dos mares, o mundo inteiro parou.
Meu Deus tende piedade! Que a nossa cobiça
E a nossa vaidade não tenha chegado ao
Ponto de vós, ó pai!, ter nos abandonado a própria sorte. Quantos pesares, a dor nos olhares, fragilidade,
Ansiedade, insegurança e morte.
E de tanto fazer mal ao mundo,
tornamo-nos reféns de um mal invisível...
e mesmo tendo nossos aviões caças,
nossos blindados e táticas,
estamos estáticos, armados até os dentes
e ironicamente feito cegos em meio aos tiros.
Todo o nosso poderio bélico rendido,
sob a ameaça de um vírus.
E era verdade, a necessidade do outro
tornou-se evidente, é preciso ir ao fundo
do poço para reconhecer o valor da nossa gente.
Nesse sentido até vamos bem,
antes é que erámos doentes.
E em meio a tantos insucessos o poeta, sério,
refletia que já não encontraria mais amparo na poesia
e viu sua inspração (empalidecida) emudecer.
O poeta já não tinha uma intenção de métrica ou rima, apenas e solenemente, em silêcio, sentia
Solidariedade com tamanha dor e padecer.
Tudo que o poeta escrevia não era mais poesia,
mas sim um apelo de que
Deus pudesse vir nos socorrer.
Clayton Marcio.