seremos?

o pão, o azeite, o trago do cigarro

arrumamos a mesa

enfeitamos o dia

com as janelas abertas, não há boemia

os carteiros trazem as cartas

as plantas colorem o dia.

e a necessária verdade traz o que dói.

trancados, distantes e sozinhos

um cenário apocalíptico

os olhos já não veem as ruas da forma que viam antes

as mãos já não se tocam, como se tocavam

os lábios não se beijam da mesma forma

parece que tudo que construímos para nos aproximar

sumiu, dando lugar a um vasto abismo.

o que se passa por dentro das casas?

o que se pulsa por dentro das vidas?

nos olharemos da mesma forma?

cuidaremos da mesma ferida?

seremos enfim uma nação, ou uma pátria perdida?

Eduardo Vasconcelos

Eduardo Vasconcelos
Enviado por Eduardo Vasconcelos em 21/04/2020
Código do texto: T6924141
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.