seremos?
o pão, o azeite, o trago do cigarro
arrumamos a mesa
enfeitamos o dia
com as janelas abertas, não há boemia
os carteiros trazem as cartas
as plantas colorem o dia.
e a necessária verdade traz o que dói.
trancados, distantes e sozinhos
um cenário apocalíptico
os olhos já não veem as ruas da forma que viam antes
as mãos já não se tocam, como se tocavam
os lábios não se beijam da mesma forma
parece que tudo que construímos para nos aproximar
sumiu, dando lugar a um vasto abismo.
o que se passa por dentro das casas?
o que se pulsa por dentro das vidas?
nos olharemos da mesma forma?
cuidaremos da mesma ferida?
seremos enfim uma nação, ou uma pátria perdida?
Eduardo Vasconcelos