CHUÁ - UMA TRAGÉDIA ANUNCIADA

a chuva

grávida de águas revoltas

esmurra o morro

urra de dor

sem jogo de cintura

bate, tomba e fura a pele do asfalto

(útero duro e insensível)

que tomou a terra de assalto

a chuva surra a parede

que passa rente

o carro à frente

a vida que afronta enfrentar

as pesadas torrentes

a chuva, às turras. explode

seu cio, um rio

desce, impermeável à dor

única, humilhada

pelo sorriso líquido e certeiro

da unidade da maldade