ANTIDIÁRIOS DE ABRIL XX
E não foi o vírus novo que agora me despejou de mim mesmo,
porque já estou há muito e muito tempo fora daqui de dentro,
entre as formações invisíveis do poema e a do seu ornamento
etéreo da imagem que nasce e morre no próprio pensamento
neste lavoro de triscar o que não se faz presente no momento.
Leio dois filmes. E outro. E mais um. Fumo. Levanto. E penso
que não posso saber do funcionamento do que está semipreso
no blue do beco de entroncamentos, medos e ressentimentos.
Do quarto eu escrevo o que não pode me salvar deste desenho
de tresbê que contorna a silhueta do meu verso em desespero.
— Um cinza alumínio sobrevoa este rosa oliva do firmamento.