Encomendas

Leve viajante

Leve este meu sorriso

Que já não me faz sentido

Entregue à menina sem juízo

E seja um feliz itinerante

Entregue no fim da rua

Ao menino do cata-vento

Um pouco da brisa que é sua

Ponha a pipa numa nuvem

Mesmo sentindo vertigem

Entregue mistério ao esperador

Ninguém sabe o que ele espera

Não deve ser coisa de amor

Nem algo que ele venera

Pode ser algo que tenha perdido

Cuidado com o que for frágil

Não entregue um quebra cabeça

Por mais que o destinatário seja ágil

Não aguarda encomenda às avessas

Pois perderia todo o sentido

Sobrando espaço no bagageiro

Me faça um favor pessoal

Diga à menina que você só é mensageiro

Mas que uma saudade insistente

Não cabe mais no remetente

Roberto Chaim
Enviado por Roberto Chaim em 20/04/2020
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