NATURAL NEM TANTO
NATURAL NEM TANTO
Ao olhar a natureza
Vejo-me como uma anomalia
Sou animal estranho
Deslocado do fato
Sinto-me confortável na mudança
Na predação do que me foi concedido
Não há vínculos em mim
Nesta terra ofertada
Sou bípede que pensa
Assaz existe
E isso basta, ou não
Sou sustentável ou não
Sustentáculo certamente não
Tampouco durável
Minha efemeridade me consagra
Levando-me quem sabe ao nada
Não me explico
Não faço sentido
Apenas inspiro e expiro
Perdigotos de todo dia
“Milagres” de todo dia
Comum como espécie
Incomum como um deus
Equilibrando-me numa esfera
Numa viagem que terá fim
Quando voar em desmolecularização
A busca de outra paragem
Onde talvez não faça tanta bobagem
E viva e deixe viver