NATURAL NEM TANTO

NATURAL NEM TANTO

Ao olhar a natureza

Vejo-me como uma anomalia

Sou animal estranho

Deslocado do fato

Sinto-me confortável na mudança

Na predação do que me foi concedido

Não há vínculos em mim

Nesta terra ofertada

Sou bípede que pensa

Assaz existe

E isso basta, ou não

Sou sustentável ou não

Sustentáculo certamente não

Tampouco durável

Minha efemeridade me consagra

Levando-me quem sabe ao nada

Não me explico

Não faço sentido

Apenas inspiro e expiro

Perdigotos de todo dia

“Milagres” de todo dia

Comum como espécie

Incomum como um deus

Equilibrando-me numa esfera

Numa viagem que terá fim

Quando voar em desmolecularização

A busca de outra paragem

Onde talvez não faça tanta bobagem

E viva e deixe viver

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 18/04/2020
Reeditado em 24/03/2022
Código do texto: T6920715
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