carta para minha desgraça
foi-se, tempo esgotado!
submergir é fácil,
hoje vejo-me fundo, (onde tudo é escasso e sou invisível)
não percam seu tempo
demonstrando-me sentimentos,
um monstro me tornei, incapaz de senti-los,
foice, amolada, enterra-me com amor
submeter-se a mediocridade de sua própria existência,
amanhã beijo quem espera-me longe (onde tudo é claro e visível)
enxergar-se como um grão de areia
neste deserto, as tais grandes cidades,
esfrega esse chão do grã-fino ...
cidadãos presos em grades,
só mais um pino,
vejo morte no espelho
em quanto meu coração bate ...
respiro, sangue corre em minhas veias.
matei todos que me amam,
estrago a sorte de mim mesmo ...
tragos após tragos, lhes trago desgosto.
foi-se, meu tempo esgotou amor!
continuem, comam, caguem e morram (viver é previsível)
chamem está merda de felicidade,
apaixonei-me loucamente
pela insignificância, (morrer é indescritível)
cada letra catada no chiqueiro
cujo chamo de mente,
cara limpa, fiz a barba, contei meu dinheiro
pus a melhor roupa, um bom perfume
para estourar meus miolos diante do espelho.