LUVA SEM PAR
Quando te leio, eu me procuro…
Haverá um versinho pra mim?
Estarei oculta no escuro
De uma reticência, de uma entrelinha,
Misturada numa metáfora?
Talvez aquela palavrinha repetida seja eu,
Mera diáfora, diluída no poema teu...
Mas que bobagem me procurar na tua poesia,
De olhos abertos, na madrugada fria a sonhar...
Mas que tolice não perceber
Que não importa o que você venha a escrever:
Eu visto em mim o teu texto,
Sem pretexto, só por gostar,
Como luva sem par,
Como meia desencontrada
Que vem meu pé esquentar...
E tanto faz ser apenas uma luva, ou meia...
Tua poesia me encanta e clareia,
Como um raio de luar...
O que eu gostaria de ler em ti,
Posso muito bem redigir
E fingir que foi você que escreveu pra mim,
Fechar os olhos e divagar...
E a outra luva vestir...
E a outra meia calçar...
Ouvindo Vanessa Da Mata - Amado (Ao Vivo)
https://youtu.be/_CK4O1_Bvxg