O SILÊNCIO ATROZ

O silêncio corre pelas ruas

Tão arrogante que parece o dono

Talvez esteja a procura do abandono

Que persegue a solidão que passeia nua

É ele o guardião da nossa quarentena

É dele o orvalho ácido de que cala as horas

É dele o medo nefasto de afiadas esporas

É ele quem congela o tempo com sua cantilena

É ele quem semeia o horror profundo

É ele o autor da triste profecia

É dele a lâmina que dilacera a alegria

É dele a sombra que ameaça o mundo

O silêncio agora sobrevoa os lares

Vigilante, cuida da escuridão que espalha

Devorando os sonhos férteis e tudo que o valha

Mas, não calará o som de vida, vinda dos mares.