EM DEGREDO...SURGE A POESIA

Na dureza do caule, brotam sonhos

a poesia é instante

em que se abrandam as grades,

térreo cárcere obstinado e resistente

Surgem inusitadas flores

em troncos impensáveis, telas para a alma e para os olhos,

em mistério incalculável

Retrato fiel da vida esparramada,

entre pedras e juncos improdutivos

Você e eu, água parada,

Moinho sem movimento

A roupa inútil dependurada

À espera de um milagre,

Sapatos que não calçam

Servem para nada.

De repente... Em meio ao caos

é possível que a poesia fuja, menina de pernas longas,

Saia das sombras de nuvens frias,

Espalhe sol sobre a cama

E uma flor nos surpreenda.

Então, tiraremos as roupas e sapatos dos armários

Distribuiremos beijos e abraços interrompidos,

Romperemos as grades

E escreverei com fina pena

A alegria sutil da liberdade.

Dalva Molina Mansano

Abril - 2020

Quarentena... pandemia

Dalva Molina Mansano
Enviado por Dalva Molina Mansano em 15/04/2020
Reeditado em 07/07/2020
Código do texto: T6917895
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