EM DEGREDO...SURGE A POESIA
Na dureza do caule, brotam sonhos
a poesia é instante
em que se abrandam as grades,
térreo cárcere obstinado e resistente
Surgem inusitadas flores
em troncos impensáveis, telas para a alma e para os olhos,
em mistério incalculável
Retrato fiel da vida esparramada,
entre pedras e juncos improdutivos
Você e eu, água parada,
Moinho sem movimento
A roupa inútil dependurada
À espera de um milagre,
Sapatos que não calçam
Servem para nada.
De repente... Em meio ao caos
é possível que a poesia fuja, menina de pernas longas,
Saia das sombras de nuvens frias,
Espalhe sol sobre a cama
E uma flor nos surpreenda.
Então, tiraremos as roupas e sapatos dos armários
Distribuiremos beijos e abraços interrompidos,
Romperemos as grades
E escreverei com fina pena
A alegria sutil da liberdade.
Dalva Molina Mansano
Abril - 2020
Quarentena... pandemia