ANTIDIÁRIOS DE ABRIL XV
Procuro pela aurora no decibel nulo do meu verso
super abafado — e a minha temperatura reverbera
a paleta terracota de mais outro sol que se manifesta
na obsessão doída e confinada de firmar no universo
o poema diário que por dentro da pandemia navega.
Vejo esta manhã toda violeta quase lilás nos flancos
das nuvens cinzentas da ardósia mansa da ventania quando mexe e derrama o aroma salgado do pranto
das horas trêmulas feito este pesadelo que se inicia
no pêndulo da linha onde a poesia é a roxa calmaria
— anunciando a tempestade seca que o vírus viraliza.