DIGRESSÕES ALUCINANTES

DIGRESSÕES ALUCINANTES

Tudo era sem limites

Até que o presente foi pausado

Abraços e beijos contaminados

Recuo súbito da trama

Sem faróis de veículos

Canteiros sem obras

Cheio de flores sem pasmo

Andaimes balançam vazios

Janelas cerradas

Corpos ocultos

Só olhares de soslaio

A pedra mármore fria

Guarda corpos e almas

Repletos de histórias

Pedaços de saudade

Esparramam-se pelo chão

Não verei novamente

Outro que serei eu

Com olhos fechados

Imaginando o nada

E o cansaço do nada

É tão grande, mortal

De uma palidez só

Pudera sem sol

E nuvens tantas

Começam a achar tanto faz

Pouco importa

Fecha-se a porta

Para abrir nunca mais

Chave tetra tétrica

Não há mais encontros

Nos achados e perdidos

É perigoso, fatal

Um brinde à morte pessoal

Ao tudo e todos a distância

Um não mais lá fora

Férias forçadas

Dias enforcados

Em altas horas de estagnação

A cabeça servida em baixela

De lua prata

Num ato falho

De um ser que queria ser Deus

E um Deus que diz

Ponha-se no seu lugar

És finito e sempre serás

Verme

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 13/04/2020
Reeditado em 13/04/2020
Código do texto: T6916025
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