A mulher, o mar e os versos

- Amas-me pois é seu prazer infindo-

E a onda balbucia no mar

Tu vens nua e sorrindo

Venerando, das ondas, o seu cantar

E se deita na areia da amplidão

Sentindo o silvo do tufão.

Fitando esta cena, faço barcarolas

Ao toque do doce arrolo

As procelas servindo de consolo

E sentindo à brisa das ventarolas.

O aroma dos seus seios se evola

Perfumado como um sândalo

Seu plácido corpo cantarola

E resiste à corrosão como o Tântalo.

O bálsamo está nos ares

A navegar nos mares

Suspensos na imensidão

Sente na face à força do vento

E seu o primogênito intento

É fazer do seu corpo um avião

Nas fulguras dos meus versos

Os corpos revoltos se agitam

São abduzidos pelos universos

Dos corações onde palpitam.

As verdes ramas do amor

Voam e voam como um condor

P'ra onde su'alma nunca pulveriza

Chegando nos abismos profundos

Hão de analisar os mundos

Em que a poesia se eterniza!

Cardoso de Figueiredo
Enviado por Cardoso de Figueiredo em 11/04/2020
Código do texto: T6913863
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