A mulher, o mar e os versos
- Amas-me pois é seu prazer infindo-
E a onda balbucia no mar
Tu vens nua e sorrindo
Venerando, das ondas, o seu cantar
E se deita na areia da amplidão
Sentindo o silvo do tufão.
Fitando esta cena, faço barcarolas
Ao toque do doce arrolo
As procelas servindo de consolo
E sentindo à brisa das ventarolas.
O aroma dos seus seios se evola
Perfumado como um sândalo
Seu plácido corpo cantarola
E resiste à corrosão como o Tântalo.
O bálsamo está nos ares
A navegar nos mares
Suspensos na imensidão
Sente na face à força do vento
E seu o primogênito intento
É fazer do seu corpo um avião
Nas fulguras dos meus versos
Os corpos revoltos se agitam
São abduzidos pelos universos
Dos corações onde palpitam.
As verdes ramas do amor
Voam e voam como um condor
P'ra onde su'alma nunca pulveriza
Chegando nos abismos profundos
Hão de analisar os mundos
Em que a poesia se eterniza!